Eternas despedidas II

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Sinto como se fosse hoje o choro de minha mãe, soluçando e eu sem ação, atitude paralisado com tal ato, deixando ela a sala de visita e se dirigindo à cozinha para não ver seu filho partir.
Dois meses, exatamente dois meses, às seis horas da manhã, estava eu a despedir-me de meus irmãos, indo em direção ao quarto dos meus pais, para o último encontro, cheiro, abraço no meu sobrinho que até então tinha nove meses, pois sabia que seria o último.
Ao dirigir-me até minha mãe, vendo-a em deleite, um grande aperto invadiu-me e uma pergunta vem em mente ao abraçá-la: se devo ir ou não? Uma coisa é sair de casa e passar alguns dias, semanas ou meses fora, mas com a perspectiva de novamente voltar outra vez, e outra coisa totalmente diferente é ir com a clareza que não voltara a residir e conviver no meio deles e sim agora apenas visitá-los.
Queria muito que aquele longo abraço se pendura-se pela eternidade, pois me senti seguro em seus braços e em mente passou como filme a musica de Zezé de Camargo e Luciano que diz: “No dia em que eu saí de casa minha mãe me disse: filho vem cá! passou a mão em meus cabelos, olhou em meus olhos, começou falar, por onde você for eu sigo com meu pensamento sempre onde estiver em minhas orações eu vou pedir a Deus que ilumine os passos seus...”
Ao dar-lhe o último beijo e ao olhar cada detalhe da casa, do meu quarto, todos os meus familiares, peguei minhas malas e junto com meu pai partir rumo a nova vida, uma vida missionaria, dedicada ao outros e não mais a mim. Olhando para trás, sinto a grande dor de minha mãe e eu a chorar por dentro sem nada dizer.
Assim foi durante toda a viagem, vivendo os últimos instantes com meu pai, que ao meu lado nada dizia, apenas transmitia toda força e confiança para mim seguir os meus caminhos, duas horas dum impetuoso silêncio, lado a lado.
Sentir-se no seminario após o último momento para com Ele, foi que senti a ficha cair, e a dor de desprender-me vem a tona, sem saber o que fazer, busquei forças na oração.
Hoje há dois meses, estou aqui a lembrar destes acontecimentos, não pense você leitor que esta sendo facil para mim lhes relatar isso, mais gostaria assim em meios as lagrimas, compartilhar um pouco das minhas saudades, já que “a plataforma dessa estação, é a vida desse meu lugar...” (Milton Nascimento).
Saudades, eita saudades, saudades vem e quer ficar, quer morar aqui dentro de mim e assim se estalar, posso te sentir, já sei vou deixar você ficar.

1 comentários:

André Canobel disse...

Só sentimos saudades de coisas que nos trazem boas recordações.
Sentir saudade é bom, é sinal de que nos lembramos com carinho, com amor de algum momento, de alguma coisa ou de alguém.
Sinta saudades irmão, mas não deixe que ela te agonie, apenas deixe que ela te tome, e que faça você sorrir, com as boas lembranças da família, com as lembranças do cheiro de sua casa, do abraço da mãe, do sobrinho...

Os cristão estão sempre juntos, mesmo quando distantes, no altar da Sagrada Eucarístia.

E lembre-se sempre, que aquele que deixar a sua casa, sua mãe, pai, irmãos por causa do Cristo, será recompensado... e é isso que me dá coragem de sair de casa, deixando para trás todos... seremos recompensados.

Um abraço... Feliz e Santa Páscoa.

Unido em oração e vocação;

André

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